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Porto de Encontro

Obra online: portodeencontro.cubiculo.phenomena.pt
8 de Julho, 17h – conversa com Vítor Belanciano, Rigo23 e Silvestre Pestana, a partir da V/5 Portuguese Art Foundation, na plataforma SecondLife. Live streaming aqui.
08.07–05.10.2020
Cubículo 2020

Rigo23

Rigo 23 é um muralista, pintor e artista político português, residente em San Francisco, Califórnia. Ele é conhecido na comunidade de São Francisco por ter pintado vários murais, incluindo: One Tree ao lado da Rota 101 dos EUA na rampa na 10th e Bryant Street, Innercity Home em uma grande estrutura de habitação pública, Sky / Ground em um prédio alto abandonado na 3rd e Mission Street, e Extinct ao longo de um posto de gasolina Shell.
Rigo 23 exibe seu trabalho internacionalmente há mais de 20 anos, colocando murais, pinturas, esculturas e azulejos em situações públicas, onde os espectadores são incentivados a examinar seu relacionamento com a comunidade, seu papel como defensores inconscientes das políticas públicas ou seu lugar em um local.

Silvestre Pestana

O seu trabalho é imposto pelo caráter radical das intervenções que, desde o primeiro momento, se baseiam num hibridismo intencional que resulta no jogo e na permutação entre sinais linguísticos e não linguísticos. A contaminação que, nos anos 60 e 70, deriva da utilização de diferentes materiais gráficos, encontrará, nos anos 80, apoio na utilização de meios de vídeo e informáticos. A este nível, pode dizer-se que a sua poesia para programação informática abriu novos caminhos à poesia experimental. Muitas vezes misturando, intencionalmente, questões relacionadas com a materialidade e a mediação, nos seus procedimentos de trabalho baseados em sistemas digitais aparecem misturados com a representação de caracteres analógicos. O seu trabalho recente, no contexto da performance, em espaços reais ou virtuais como Second Life, é essencial para avaliar de que forma as práticas experimentalistas interferem com as práticas sociais em que se articulam.

Temos de imaginar o seguinte: na véspera do início dos trabalhos de preparação para este projeto, o estúdio do artista Rigo23, ficou inacessível, por imposição de uma cerca sanitária no concelho de Câmara de Lobos, na ilha da Madeira. Vivendo na fronteira do concelho, foi como se os materiais para as obras que dali iria surgir, ficassem em silêncio, em bruto, num devir desejado. Mais do que incompletas, inteiramente potenciadas.

Ao mesmo tempo, em tudo quanto estes meses de confinamento permitiram definir que papel poderia a criação artística desempenhar na formação de um discurso que não fosse somente reativo, a paisagem, as suas gentes, as memórias destas e as marcas pressentidas, tornaram-se no próprio projeto.

No fundo, a obra saiu da forma, o discurso tornou-se mais amplo, deixou de confluir para uma só dimensão e assumiu-se como parte integrante do quotidiano.

Sensivelmente a meio deste processo de pesquisa e reflexão, a Bienal BoCA, em colaboração com a Fundação de Serralves, emitiu UNI VER SÓ, um vídeo-instalação de Silvestre Pestana, criado em 1985, e onde este se dedica a experimentar a possibilidade de diálogo com os objetos, mediado pelo olhar de uma câmara que regista a experiência física.

Uma e outra obra conviveram na artificialidade do espaço-tempo comum a que diligentemente nos dedicámos nos últimos meses. E um e outro artista, criando relações atemporais a partir do espaço, do lugar, dos materiais e da memória, construíram, agora, uma genealogia artística que é falsamente linear mas não deixa de ser biográfica e territorial.
Como podem, então, dois artistas construir um mesmo espaço a partir de intenções e de princípios comuns que sejam, ao mesmo tempo, possibilidades de diálogo sobre temáticas que, de modos mais diretos e explícitos, a intuitivos e reflexivos, quiseram sempre questionar se estamos a falar do mesmo quando falamos de direitos, margens, antropocentrismo e identidade?

A resposta é um mistério mas um mistério que se deseja participado e testado. Na plataforma Second Life, hoje elemento quase arcaico da experimentação virtual, Silvestre Pestana convida Rigo23 para uma exposição duplamente virtual.

Primeiro, porque o encontro entre os dois parte de obras que ficaram por criar e obras já existentes, numa relação de significados e oportunidades de recontextualização. Segundo, porque a existência de um espaço virtual regressado num contexto em que a virtualidade é a forma mais presente de se conviver, permite que os discursos dos artistas sejam, eles próprios, a obra de arte.

Ou seja, é na intenção, no discurso e na formulação de questões que as obras surgem e, com elas, ou através delas, a possibilidade de resgate das histórias do que ficou por criar, de quem foi ultrapassado pela gentrificação oportunista e pela reorganização espacial e temporal da memória geográfica.

Na multiplicidade e na plasticidade imaginada dos diversos objetos, que carecem de descrições para se tornarem matéria e real, surge a possibilidade de reconstrução de uma outra temporalidade: a da memória. Eventualmente, para sempre suspensa numa segunda vida. Como a vida que os materiais deixados para lá do cordão sanitário começaram a escrever.

Curadoria • Gestão • Produção
Licenciatura em Programação e Produção Cultural (2º ano 2019/2020) Afonso Jorge, Ana Laguna, Andreia Morais, João Ferreira, Margarida Patrocínio, Rui Anastácio
Folha de Sala e Programa de Activação
Licenciatura em Programação e Produção Cultural (2º ano 2019/2020) Tiago Bartolomeu Costa
Orientação Curatorial
Lígia Afonso, Ricardo Pimentel
Orientação de Produção
Ricardo Pimentel
Orientação de Programa de Activação
Ana João Romana Sílvia Moreira
Orientação de Comunicação
Carla Cardoso
Gestão de Projeto
Luisa Arroz Albuquerque
Design Gráfico
Nayara Siler
Web Design
(Somewhere Nice) Tiago Abelha e Carlos Quitério
Organização
Licenciatura em Programação e Produção Cultural Cátedra Unesco em Gestão das Artes e da Cultura, Cidades e Criatividade ESAD.CR / IPL
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